A OMC DÁ PARECER FAVORÁVEL AOS PRODUTORES DE ALGODÃO

16 de agosto de 2009

A decisão da OMC deve impulsionar as vendas. Sem a ajuda do governo, os produtores europeus vão ter que aumentar os preços e o açúcar deles vai ficar mais caro que o brasileiro.
O presidente Lula diz que a briga no mercado internacional está só começando.
O Brasil já é o maior produtor mundial de açúcar, com 40% do mercado internacional. Agora, deve aumentar a participação para 60%. Essa decisão da OMC não significa apenas mais lucros para os produtores.
São cinco milhões de hectares plantados de cana de açúcar. Nesse campo, o Brasil colhe os resultados da tecnologia. Graças à competência na produção, o açúcar brasileiro sai das usinas custando menos da metade do europeu.
Há eficiência também para embarcar o produto. Só em Santos, o setor dispõe de cinco terminais privados. Hoje o Brasil é o maior exportador de açúcar, sozinho detém quase a metade do mercado mundial.
"Nós temos tecnologia, recursos, mão-de-obra, terra, sol, chuva, de tal forma que abastecer o mundo de açúcar é muito fácil", afirma Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo.
A invasão brasileira só não é maior por causa do dinheiro que a União Européia injeta na agricultura para compensar a ineficiência dos produtores de açúcar da região.
Na Europa, o custo da produção chega a US$700 por tonelada. Na hora de exportar, a mesma tonelada de açúcar é vendida a US$ 260. A diferença quem paga são os países europeus.
São os chamados subsídios, que tornam injusta a competição no mercado internacional. Por causa deles, o Brasil deixa de ganhar US$ 400 milhões por ano em exportação de açúcar.
Agora a Europa vai ter que rever essa política. Os produtores brasileiros já fizeram as contas de quanto vão ganhar.
"Em dois, três anos, que é quando nós esperamos que essas medidas se concretizem no mercado, significa para nós, cerca de dois a três milhões de toneladas de açúcar refinado que se reflete em números da ordem de US$ 500 milhões a US$ 700 milhões por ano de exportação adicional para o Brasil", calcula o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo.
Lucros que devem trazer novas vagas no campo.
"Sendo um dos produtos que mais emprego gera no campo, isso é muito positivo na geração do emprego do agronegócio", comenta Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura.
Positivo também para a atração de investimentos.
"Se você for o investidor, tiver pensando em comprar uma fazenda de beterraba para produzir açúcar na França, você ia pensar duas vezes. Ou você vai investir em outro setor, ou você vai investir num país como o Brasil", observa Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores.
A vitória no caso do açúcar não é a primeira conquista do Brasil na Organização Mundial do Comércio. Recentemente o país também ganhou uma disputa contra outro gigante, os Estados Unidos, para vender mais algodão. Os analistas acreditam que todos esses resultados vão fortalecer o Brasil nas próximas negociações agrícolas.
"O Brasil ganha muita força na negociação da rodada de Doha, na Alca, na União Européia, porque essas decisões da OMC reforçam a tese brasileira de que os subsídios agrícolas tem que ser reduzidos ou eliminados a prazo curto com calendário certo", destaca Roberto Giannetti da Fonseca, economista.
A União Européia deve recorrer já que a decisão da OMC é em primeira instância, mas segundo especialistas em direito internacional, uma decisão desse porte nunca foi revertida pelo Tribunal de Apelação. Antes mesmo de a decisão ser anunciada, os europeus já estavam segurando os subsídios do açúcar - sinal de que suspeitavam que seriam derrotados.

0 comments

Postar um comentário